
Reportagem completa aqui em baixo :
No comando do conteúdo da Band há um ano, o argentino Diego Guebel, criador do CQC, entende que seja natural, para a Band, arriscar mais do que a Globo. "Quando você compara a Band com a Globo, a Band tem o que crescer e a Globo tem que cuidar para não perder", afirma Guebel. "Nesse sentido, a parte criativa é mais simples para nós: temos que apostar", justifica.
Além de ser o mentor do CQC, Guebel foi quem bancou na Band a contratação do Pânico, trupe que trouxe novo fôlego ao besteirol televisivo, calçada por dez anos de sucesso na rádio Jovem Pan 2 e depois por mais seis anos na RedeTV! Também veio da cartola de Guebel o Agora é Tarde, talk show que, se não reinventa a roda do gênero, acrescentou ibope à Band e renovou o repertório nas entrevistas bem dosadas com humor nos fins de noite.
Para ajustar o tom da piada ao gosto da plateia, o argentino aposta no bom senso. "No formato da televisão aberta, as regras não escritas são claras. Você tem que saber a quem o programa se dirige, com quem fala. Isso não quer dizer que às vezes não se atravesse uma linha e depois se volte."
Questionado se as paniquetes não afastariam a audiência mais conservadora da Band, Guebel lembra que o forte do Pânico está numa plateia masculina de 12 a 24 anos, o que endossa seu sucesso. Discorda que o CQC tenha se pasteurizado e virado um programa "de bundão", como disse Rafinha Bastos ao Roda Viva, da Cultura, no ano passado. "Acho que ele fala isso por não ter se encontrado em outro lugar, coitado."
Zico Góes, da MTV, prefere correr o risco de ultrapassar a tal linha, como aconteceu em 2012 com um Comédia MTV que, ao vivo, tropeçou em piadas sobre autistas - a equipe depois se desculpou - a fechar o cerco de criação de sua turma.
E haveria espaço para o Adnet da MTV na Globo? Rafinha Bastos aposta que sim e que a contratação dele só acrescentaria ao repertório da emissora. A despeito de perder seu astro maior, o diretor da MTV concorda. "O Adnet é um cara que consegue ser trash e ao mesmo tempo super erudito, fazer humor fino, em várias línguas."
Só a comodidade de contar com estrutura e elenco de sobra deve ser usada com moderação. Para Sabrina Sato, um dos fatores que fez a fama do Pânico na TV foi justamente a falta de acesso às grandes estrelas da TV e a habilidade da trupe em abordar as figuras mais disputadas pelo mundo de Caras.
Guebel também cita a falta de cast como mérito de Danilo Gentili e cia. no Agora é Tarde. "Só com liberdade de criação é possível fazer um programa como o Danilo faz: com poucos recursos, ele renovou essa faixa, que estava envelhecida, e aqui não tem a possibilidade de convidar tanta gente da dramaturgia", diz, em referência ao Programa do Jô.
Se a Globo vai buscar na MTV um Adnet, Guebel, que também encontrou lá sua nova estrela para o CQC, entende a movimentação do mercado como parte do show. "Acontece a mesma coisa que na vida: 'a gente sempre quer o que não tem'".
Zico Góes agradece a preferência pelo alvo: "Faz 20 anos que a gente produz bons apresentadores. A gente lança sementinhas e às vezes elas vão embora, no fundo a gente acha que isso é um valor da MTV." E completa: "Eles podem usar essa fazendinha de apresentadores aqui, a gente não pode fazer isso, a gente arrisca no ar mesmo. Às vezes dá certo, às vezes, vamos combinar que não dá certo". / C.P. (colaborou João Fernando)
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